Para que, nas paróquias, os sacerdotes e os leigos colaborem no serviço à comunidade sem ceder à tentação do desânimo.

[…] Além disso, a missão recebida do Senhor convida-nos a ir ao encontro daqueles com os quais entramos em contacto, não obstante na sua cultura, na sua profissão religiosa ou na sua fé, eles se distingam de nós. Se acreditarmos na moção livre e generosa do Espírito, conseguiremos compreender-nos bem uns aos outros, colaborar para servir melhor a sociedade e contribuir de maneira determinante para a paz. O ecumenismo é uma contribuição não apenas para a unidade da Igreja, mas também para a unidade da família humana (cf. Evangelii gaudium, 245). E favorece uma convivência fecunda, pacífica e fraterna. No entanto, na oração e no anúncio comum do Senhor Jesus devemos prestar atenção para permitir que os fiéis de todas as confissões cristãs vivam a sua fé de maneira inequívoca e livre de confusões, mas também sem retocar, eliminando as diferenças em desvantagem da verdade. Quando, por exemplo, com o pretexto de ir ao encontro dos outros devemos esconder a nossa fé eucarística, não levamos suficientemente a sério nem o património que nos é próprio, nem aquele do nosso interlocutor. Do mesmo modo, nas escolas o ensino da religião deve ter em consideração as particularidades de cada uma das confissões.

Encorajo-vos a pronunciar-vos juntos de maneira clara a propósito dos problemas relativos à sociedade, numa época em que várias pessoas — até no seio da própria Igreja — se sentem tentadas a prescindir do realismo da dimensão social do Evangelho (cf. Evangelii gaudium, 88). O Evangelho possui uma sua força originária para fazer propostas. Compete a nós apresentá-lo em toda a sua amplidão, tornando-o acessível sem ofuscar a sua beleza nem amenizar o seu fascínio, a fim de que alcance as pessoas que se devem confrontar com as dificuldades da vida quotidiana, que procuram o sentido da própria vida ou que se afastaram da Igreja. Decepcionadas ou abandonadas a si mesmas, deixam-se tentar por modos de pensar que negam conscientemente a dimensão transcendente do homem, da vida e dos relacionamentos humanos, de forma especial perante o sofrimento e a morte. O testemunho dos cristãos e das comunidades paroquiais pode iluminar verdadeiramente o seu caminho e corroborar a sua busca da felicidade. […]

DISCURSO AOS BISPOS DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DA SUÍÇA
EM VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM»
PAPA FRANCISCO
1º de Dezembro de 2014

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Comentário

Não à acédia egoísta

28. A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente, continuará a ser «a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas».[26]Isto supõe que esteja realmente em contacto com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos. A paróquia é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração.[27]Através de todas as suas actividades, a paróquia incentiva e forma os seus membros para serem agentes da evangelização.[28] É comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário. Temos, porém, de reconhecer que o apelo à revisão e renovação das paróquias ainda não deu suficientemente fruto, tornando-as ainda mais próximas das pessoas, sendo âmbitos de viva comunhão e participação e orientando-as completamente para a missão.

81. Quando mais precisamos dum dinamismo missionário que leve sal e luz ao mundo, muitos leigos temem que alguém os convide a realizar alguma tarefa apostólica e procuram fugir de qualquer compromisso que lhes possa roubar o tempo livre. Hoje, por exemplo, tornou-se muito difícil nas paróquias conseguir catequistas que estejam preparados e perseverem no seu dever por vários anos. Mas algo parecido acontece com os sacerdotes que se preocupam obsessivamente com o seu tempo pessoal. Isto, muitas vezes, fica-se a dever a que as pessoas sentem imperiosamente necessidade de preservar os seus espaços de autonomia, como se uma tarefa de evangelização fosse um veneno perigoso e não uma resposta alegre ao amor de Deus que nos convoca para a missão e nos torna completos e fecundos. Alguns resistem a provar até ao fundo o gosto da missão e acabam mergulhados numa acédia paralisadora.

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
EVANGELII GAUDIUM
PAPA FRANCISCO
24 de Novembro de 2013

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