Para que os seminaristas, os noviços e as noviças encontrem formadores que vivam a alegria do Evangelho e os preparem com sabedoria para a sua missão.

[…] A verdadeira alegria não vem das coisas, do ter, não! Nasce do encontro, da relação com os demais, nasce do sentir-se aceite, compreendido, amado e do aceitar, do compreender e do amar: e isto não pelo interesse de um momento, mas porque o outro, a outra é uma pessoa. A alegria nasce da gratuidade de um encontro! É ouvir-se dizer: «Tu és importante para mim», não necessariamente com palavras. Isto é bonito… E é precisamente isto que Deus nos faz compreender. Ao chamar-vos, Deus diz-vos: «Tu és importante para mim, eu amo-te, conto contigo». Jesus diz isto a cada um de nós! Disto nasce a alegria! A alegria do momento no qual Jesus olhou para mim. Compreender e sentir isto é o segredo da nossa alegria. Sentir-se amado por Deus, sentir que para Ele nós não somos números, mas pessoas; e sentir que é Ele que nos chama. Tornar-se sacerdote, religioso, religiosa não é primariamente uma nossa escolha. Eu não confio naquele seminarista, naquela noviça, que diz: «Escolhi este caminho». Não gosto disto! Não está bem! Mas é a resposta a uma chamada, a uma chamada de amor. Sinto algo dentro, que me desassossega, e respondo sim. Na oração o Senhor faz-nos sentir este amor, mas também através de muitos sinais que podemos ler na nossa vida, tantas pessoas que põe no nosso caminho. E a alegria do encontro com Ele e da sua chamada faz com que não nos fechemos, mas que nos abramos; leva ao serviço na Igreja. São Tomás dizia «bonum est diffusivum sui» — não é um latim muito difícil! — O bem difunde-se. E também a alegria se difunde. Não tenhais medo de mostrar a alegria de ter respondido à chamada do Senhor, à sua escolha de amor e de testemunhar o seu Evangelho no serviço à Igreja. E a alegria, a verdadeira alegria, é contagiosa; contagia… faz ir em frente. Ao contrário, quando te encontras com um seminarista demasiado sério, demasiado triste, ou com uma noviça assim, pensas: mas algo não funciona! Falta a alegria do Senhor, a alegria que te leva ao serviço, a alegria do encontro com Jesus, que te conduz ao encontro com os outros para anunciar Jesus. Falta isto! Não há santidade na tristeza, não há! Santa Teresa — há numerosos espanhóis aqui e conhecem-na bem — dizia: «Um santo triste é um triste santo!». É de pouca importância… Quando encontras um seminarista, um padre, uma freira, uma noviça amuada, triste, que parece que lançaram na sua vida um cobertor muito molhado, destes cobertores pesados… que te deitam abaixo… Algo não funciona! Mas por favor: nunca haja freiras, sacerdotes com a cara «azeda», nunca! A alegria que vem de Jesus. Pensai nisto: quando um padre — digo um padre, mas também um seminarista — quando a um seminarista, a uma freira, falta a alegria, é triste, vós podeis pensar: «Mas é um problema psiquiátrico». Não, é verdade: pode ser, pode ser, isto sim. Acontece: alguns, coitadinhos, adoecem… Pode ser. Mas em geral não é um problema psiquiátrico. É um problema de insatisfação? Claro que sim! Mas onde está o centro daquela falta de alegria? É um problema de celibato. Explico. Vós, seminaristas, freiras, consagrais o vosso amor a Jesus, um amor grande; o coração é para Jesus, e isto leva-nos a fazer o voto de castidade, o voto de celibato. Mas o voto de castidade e o voto de celibato não acaba no momento em que se emite, continua… Um caminho que amadurece, amadurece, amadurece até à paternidade pastoral, até à maternidade pastoral, e quando um sacerdote não é pai da sua comunidade, quando uma religiosa não é mãe de todos aqueles com os quais trabalha, torna-se triste. Eis o problema. Por isto vos digo: a raiz da tristeza na vida pastoral consiste precisamente na falta de paternidade e maternidade que vem do viver mal esta consagração que, ao contrário, nos deve conduzir à fecundidade. Não se pode imaginar um sacerdote ou uma religiosa que não sejam fecundos: isto não é católico! Não é católico! Esta é a beleza da consagração: a alegria, a alegria…

Mas não quero fazer envergonhar esta santa irmã [dirige-se a uma freira idosa na primeira fila], que estava em frente da barreira, coitadinha, estava mesmo sufocada, mas tinha uma cara feliz. Fez-me bem olhar para a sua cara, irmã! Talvez a irmã tenha muitos anos de vida consagrada, mas tem os olhos bonitos, sorria, não se lamentava desta pressão… Quando encontrardes exemplos como este, tantos, tantas irmãs, tantos sacerdotes que são alegres, é porque são fecundos, dão vida, vida, vida… Dão esta vida porque a encontram em Jesus! Na alegria de Jesus! Alegria, nada de tristeza, fecundidade pastoral.

Para ser testemunha jubilosa do Evangelho é preciso ser autêntico, coerente. E esta é outra palavra que desejo dizer-vos: autenticidade. Jesus insistia tanto contra os hipócritas: hipócritas, os que pensam sub-repticiamente; aqueles que — falando com clareza — têm duas caras. Falar de autenticidade aos jovens não custa, porque os jovens — todos — têm esta vontade de ser autênticos, coerentes. E todos vós sentis repugnância quando encontrais padres que não são autênticos, ou freiras que não são autênticas!

Esta é uma responsabilidade em primeiro lugar dos adultos, dos formadores. E de vós formadores que estais aqui: dar um exemplo de coerência aos mais jovens. Queremos jovens coerentes? Sejamos nós coerentes! Ao contrário, o Senhor nos dirá o que dizia dos fariseus ao povo de Deus: «Fazei o que dizem, mas não o que fazem!». Coerência e autenticidade!

Mas também vós, por vossa vez, procurai seguir este caminho. Eu digo sempre o que afirmava são Francisco de Assis: Cristo convidou-nos a anunciar o Evangelho também com a palavra. A frase é assim: «Anunciai o Evangelho sempre. E, se for necessário, com as palavras». O que significa isto? Anunciar o Evangelho com a autenticidade de vida, com a coerência de vida. Mas neste mundo ao qual as riquezas fazem tanto mal, é necessário que nós sacerdotes, que nós freiras, que todos nós, sejamos coerentes com a nossa pobreza! Mas quando se vê que o primeiro interesse de uma instituição educativa ou paroquial ou de qualquer outra é o dinheiro, isto não é bom. Não é bom! É uma incoerência! Devemos ser coerentes, autênticos. Por este caminho, fazemos o que diz são Francisco: anunciemos o Evangelho com o exemplo, depois com as palavras! Mas antes de tudo é na nossa vida que os outros devem poder ler o Evangelho! Também aqui sem receio, com os nossos defeitos que procuramos corrigir, com os nossos limites que o Senhor conhece, mas também com a nossa generosidade, deixando que Ele aja em nós. […]

ENCONTRO COM OS SEMINARISTAS, OS NOVIÇOS E AS NOVIÇAS
PAPA FRANCISCO
6 de Julho de 2013

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Comentário

Religiosas e sacerdotes livres da idolatria

O Pontífice inspirou-se no trecho evangélico que narra o encontro de Jesus com o jovem rico (Mc 10, 17-27). É «uma história» disse, que «ouvimos muitas vezes»: um homem «procura Jesus e prostra-se de joelhos diante dele». E fá-lo diante «de toda a multidão» porque «tinha muita vontade de ouvir as palavras de Jesus» e «no seu coração havia algo que o impulsionava». Assim «de joelhos diante dele», pergunta-lhe o que deve fazer para obter a vida eterna como herança. O que movia o coração daquele jovem, frisou o Papa, «era o Espírito Santo». De facto, «era um homem bom — explicou, traçando um seu perfil — porque desde a sua juventude observou os mandamentos». Ser «bom» contudo «não era suficiente para ele: queria mais! O Espírito Santo impelia-o!».
O Santo Padre comentou que a figura do jovem rico suscita uma certa participação, que nos leva a dizer: «Pobrezinho, tão bom e tão infeliz, porque foi embora triste» depois do encontro com Jesus. E hoje há muitos jovens como ele. Mas — foi a pergunta do Pontífice — «o que fazemos por eles?». Em primeiro lugar devemos rezar: «Ajuda, Senhor, estes jovens para que sejam livres e não escravos», de modo «que conservem o coração só para ti». Deste modo «a chamada do Senhor pode vir, pode dar fruto».
O Papa concluiu a sua meditação convidando a recitar com frequência «esta oração pelas vocações». Cientes de que «há vocações»: compete a nós rezar para fazer de modo que «cresçam, que o Senhor possa entrar naqueles corações e doar esta alegria “inefável e gloriosa” que sente cada pessoa que segue Jesus de perto».

MEDITAÇÕES MATUTINAS
PAPA FRANCISCO
3 de Março 2014

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