

Pelos cristãos em África, para que deem um testemunho profético de reconciliação, de justiça e de paz, à imagem de Jesus Misericordioso.
Hoje, Bangui torna-se a capital espiritual do mundo. O Ano Santo da Misericórdia chega adiantado a esta terra; uma terra que sofre, há diversos anos, a guerra e o ódio, a incompreensão, a falta de paz. Mas, simbolizados nesta terra sofredora, estão também todos os países que estão passando através da cruz da guerra. Bangui torna-se a capital espiritual da súplica pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor… para Bangui, para toda a República Centro-Africana, para o mundo inteiro. Para os países que sofrem a guerra, peçamos a paz; todos juntos, peçamos amor e paz. […]
Neste Primeiro Domingo de Advento, tempo litúrgico da expectativa do Salvador e símbolo da esperança cristã, Deus guiou os meus passos até junto de vós, nesta terra, enquanto a Igreja universal se prepara para inaugurar o Ano Jubilar da Misericórdia, que nós aqui, hoje, iniciámos. E sinto-me particularmente feliz pelo facto de a minha visita pastoral coincidir com a abertura no vosso país deste Ano Jubilar. A partir desta Catedral, com o coração e o pensamento, quero alcançar afectuosamente todos os sacerdotes, os consagrados, os agentes pastorais deste país, que estão espiritualmente unidos connosco neste momento. Através de vós, quero saudar todos os centro-africanos, os doentes, as pessoas idosas, os feridos pela vida. Talvez alguns deles estejam desesperados e já não tenham força sequer para reagir, esperando apenas uma esmola, a esmola do pão, a esmola da justiça, a esmola dum gesto de atenção e bondade. E todos nós esperamos a graça, a esmola da paz.
Mas, como os apóstolos Pedro e João que subiam ao templo e não tinham ouro nem prata para dar ao paralítico indigente, venho oferecer-lhes a força e o poder de Deus que curam o homem, fazem-no levantar e tornam-no capaz de começar uma nova vida, «passando à outra margem» (cf. Lc 8, 22).
Jesus não nos envia sozinhos para a outra margem, mas convida-nos a fazer a travessia juntamente com Ele, respondendo cada qual a uma vocação específica. Devemos, pois, estar cientes de que esta passagem para a outra margem só se pode fazer com Ele, libertando-nos das concepções de família e de sangue que dividem, para construir uma Igreja-Família de Deus, aberta a todos, que cuida dos mais necessitados. Isto pressupõe a proximidade aos nossos irmãos e irmãs, isto implica um espírito de comunhão.
A salvação anunciada por Deus reveste o carácter duma força invencível que triunfará sobre tudo. De facto, depois de ter anunciado aos seus discípulos os sinais tremendos que precederão a sua vinda, Jesus conclui: «Quando estas coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e levantai a cabeça, porque a vossa redenção está próxima» (Lc 21, 28). E, se São Paulo fala dum amor «que cresce e superabunda», é porque o testemunho cristão deve reflectir esta força irresistível de que se trata no Evangelho. Assim, é também no meio de convulsões inauditas que Jesus quer mostrar o seu grande poder, a sua glória incomparável (cf. Lc 21, 27) e a força do amor que não recua diante de nada, nem diante dos céus transtornados, nem diante da terra em chamas, nem diante do mar revolto. Deus é mais poderoso e mais forte que tudo. Esta convicção dá ao crente serenidade, coragem e a força de perseverar no bem frente às piores adversidades. Mesmo quando se desencadeiam as forças do mal, os cristãos devem responder ao apelo, de cabeça erguida, prontos a resistir nesta batalha em que Deus terá a última palavra. E será uma palavra de amor e de paz.
A todos aqueles que usam injustamente as armas deste mundo, lanço um apelo: deponde esses instrumentos de morte; armai-vos, antes, com a justiça, o amor e a misericórdia, autênticas garantias de paz. Discípulos de Cristo, sacerdotes, religiosos, religiosas ou leigos comprometidos neste país de nome tão sugestivo, situado no coração da África e que é chamado a descobrir o Senhor como verdadeiro Centro de tudo o que é bom, a vossa vocação é encarnar o coração de Deus no meio dos vossos concidadãos. Oxalá o Senhor nos torne a todos «firmes (…) e irrepreensíveis na santidade diante de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de Nosso Senhor Jesus com todos os seus santos» (1 Ts 3, 13). Reconciliação, perdão, amor e paz! Amen.
ABERTURA DA PORTA SANTA DA CATEDRAL DE BANGUI E
SANTA MISSA COM SACERDOTES, RELIGIOSOS, RELIGIOSAS, CATEQUISTAS E JOVENS
FRANCISCO
29 de Novembro de 2015
© Copyright 2015 – Libreria Editrice Vaticana
VERSÃO O VÍDEO DO PAPA
Pela Evangelização: Cristãos em África, testemunhas da paz
Pelos cristãos em África, para que deem um testemunho profético de reconciliação, de justiça e de paz, imitando Jesus Misericordioso.
TESTEMUNHO – RECONCILIAÇÃO – PAZ